Arquivo de Novembro de 2009

Crianças desidratadas

Postado por Vanessa Rodriguesem 15 de Novembro de 2009

Publicado no Diário de Notícias a 8 de Nov’

Bei Mati não vai pagar a conta na única churrascaria da vila de Tucumã, no Sudeste do Pará no Brasil. Tem carta branca naquele restaurante por causa de um acordo de uma “grande empresa” da região que negociou com a aldeia indígena onde ele mora, um “plano de saúde e alimentação”. Em troca a empresa “pode explorar o minério da terra”.

Bei Mati, 24 anos, índio da etnia Xicrin, mora numa aldeia indígena perto de Marabá, mais a norte de Tucumã. Está “satisfeito” com as “regalias” da “empresa”, porque, “em geral a assistência de saúde ao índio da Fundação Nacional de Saúde [Funasa] é muito má e demorada”, desabafa. “Eu bem vejo como os parentes de outras aldeias são mal atendidos. Nós temos sorte.”

As manifestações em sedes da Funasa por grupos de etnias indígenas são frequentes. Eles reivindicam “melhor atendimento de saúde”. Bei Mati denuncia que a “Funasa tem piorado muito a assistência nos últimos meses”. Depois muda o discurso e diz que algo “muito estranho” anda a acontecer na sua aldeia. “As crianças estão cada vez mais doentes e ninguém sabe explicar o que se passa”. Ele acha que é da água.

“Antes podia beber-se sem problemas, mas nos últimos meses tem havido muitas diarreias e as crianças estão a ficar desidratadas”, continua desalentado. Depois confidencia que a “tal empresa” tem “enviado engenheiros para analisar a água do rio da terra” dele.

Amaz. 3º milénio

Postado por Vanessa Rodriguesem 15 de Novembro de 2009

Glossário, Amazónia

Postado por Vanessa Rodriguesem 15 de Novembro de 2009

Conhecer a diversidade amazónica é reinventar a linguagem, o olhar, os sentidos e a forma de comunicar… Ficam aqui algumas palavras, regionais, e que enriquecem a Língua Portuguesa…

  • açaí
    sm (tupi yua saí) Bot

  1. Fruto do açaizeiro.
  2. Açaizeiro.
  3. Refresco delicioso feito com o suco do coco-açaí e que deu origem à sentença proverbial, folclórica: ‘034;Foi ao Pará, parou; bebeu açaí, ficou’034;.
  • acará
    sm (tupi akará) Ictiol Designação comum a vários peixes ciclídeos de água doce, muito procurados para criação em aquários. A.-açu: o mesmo que apaiari. A.-bandeira: peixe ciclídeo (Pterophyllum scalare), de bela e ornamental aparência. A.-bererê: peixe ciclídeo (Cichlasoma festivum), da Amazônia; acarapinaxame. A.-cascudo: peixe ciclídeo (Cichlasoma facetum), do Sul do Brasil. A.-chibante: peixe ciclídeo (Geophagus jurupary), de cor verdoenga e forma oblonga, comprimida. A.-diadema: peixe ciclídeo (Geophagus brasiliensis); na época da reprodução, cresce uma protuberância na cabeça do macho; passada essa fase, ela desaparece; alimenta-se do limo das pedras e é a espécie mais comum de acará; acará-topete. A.-grande: o mesmo que apaiari. A.-guaçu: o mesmo que acará-açu e apaiari. A.-mocó: o mesmo que cangulo. A.-topete: o mesmo que acará-diadema;
  • andiroba
    substantivo feminino Rubrica: angiospermas.

  1. árvore de até 30 m (Carapa guianensis), da fam. das meliáceas, nativa de regiões tropicais das Américas, esp. do Brasil (AMAZ a BA), com casca adstringente, madeira de qualidade, flores amarelas ou vermelhas, e cápsulas com sementes de que se extrai óleo insetífugo, us. em lamparinas, para fabricar velas e sabão, contra a artrite e infecções de garganta e, outrora, no encolhimento de crânios; andiroba-branca, andiroba-do-igapó, andiroba-suruba, andirobeira, andirova, nandiroba
  2. Regionalismo: Bahia.   m.q. castanha-mineira (Fevillea passiflora)
  3. m.q. fava-de-santo-inácio-falsa (Fevillea trilobata)
  4. m.q. ucuuba-cheirosa (Virola surinamensis);
  • bacaba
    sf (tupi yuakáua)

  1. O mesmo que bacabeira.
  2. Fruto drupáceo da bacabeira e do bacabaçu, que fornece um óleo usado no fabrico de sabão.
  3. Bebida preparada com o suco desse fruto;
  • boto
    (ô) sm

  1. Zool Cetáceo delfinídeo (Sotalia brasiliensis); Folc: acreditam os indígenas do Amazonas que o boto é encantado e, transformando-se em moço, seduz as jovens. É considerado, pois, pai de todos os filhos cujo progenitor não se conhece.
  2. V toninha, acepção 2.
  3. Ictiol Gênero típico da família dos Botídeos.
  4. gír Pessoa ou coisa volumosa. B.-branco, Zool: cetáceo de água doce (Inia geoffroyensis). B.-vermelho, Zool: cetáceo;
  • caboclo –substantivo masculino Regionalismo: Brasil
  1. Diacronismo: antigo.   selvagem brasileiro que tinha contato com os colonizadores
  2. indivíduo nascido de índia e branco (ou vice-versa), fisicamente caracterizado por ter pele morena ou acobreada e cabelos negros e lisos
  3. Derivação: por extensão de sentido.   m.q. curiboca
  4. qualquer mestiço de índio; tapuio
  5. indivíduo (esp. habitante do sertão) com ascendência de índio e branco e com físico e os modos desconfiados, retraídos;
  • cafuzo
    adjetivo e substantivo masculino Regionalismo: Brasil.

  1. diz-se de, relativo a ou filho de negro e índia (ou vice-versa)
  2. Derivação: por extensão de sentido.   diz-se de, relativo a ou qualquer mestiço descendente de negros e índios
  3. Derivação: por analogia.   diz-se de ou mestiço de pele muito escura ou negra e cabelos lisos e cheios (como os dos índios);
  • candiru
    substantivo masculino Rubrica: ictiologia. Regionalismo: Brasil.

  1. design. comum aos peixes teleósteos siluriformes das fam. dos tricomicterídeos e ceptosídeos, ger. de distribuição amazônica, hematófagos, capazes de parasitar as brânquias de outros peixes e penetrar em orifícios naturais de animais e da espécie humana, podendo causar ferimentos graves e até a morte
  2. peixe (Vandellia cirrhosa) da fam. dos tricomicterídeos, encontrado na Amazônia, Rio de Janeiro e Orinoco, com até 8 cm de comprimento, corpo rosado, cabeça deprimida e barbelas nos lados da boca, guarnecida de dentes cônicos e espinhos no opérculo; candiru-de-cavalo
  3. peixe (Pseudostegophilus scarificator) da fam. dos tricomicterídeos, encontrado nos rios Pardo, Mogi Guaçu, Grande e Paraná, de corpo amarelo com pintas prateadas nos flancos; candiru-pintado, chupa-chupa, mata-dourado, peixe-sanguessuga, peixe-vampiro
  • copaíba
    substantivo feminino

  1. Rubrica: angiospermas.   design. comum às árvores do gên. Copaifera, da fam. das leguminosas, subfam. cesalpinioídea, nativas do Brasil, de boa madeira, e cujo córtex encerra óleo medicinal; copaibeira, óleo, pau-de-óleo
  2. Rubrica: angiospermas.   árvore de até 40 m (Copaifera officinalis), nativa do Brasil (AMAZ a PI), de casca rugosa, folhas compostas, flores brancas, e vagens carnosas; bálsamo, copaíba-verdadeira, copaibeira, copaúva, cupaúba, cupiúba, jatobá-mirim, óleo-branco, óleo-de-copaíba, pau-de-óleo, pau-do-óleo [A madeira é us. em construção civil e naval.]
  3. Rubrica: angiospermas.   m.q. copaíba-jutaí (Copaifera martii)
  4. Rubrica: angiospermas.   m.q. copaíba-vermelha (Copaifera langsdorffi)
  5. Derivação: por metonímia. Rubrica: farmacologia.   óleo extraído dessas árvores, com inúmeras aplicações medicinais, esp. como cicatrizante, antileucorréico e antitetânico; bálsamo do Brasil, bálsamo de copaíba, óleo de copaíba
  • curupira
    substantivo masculino Rubrica: etnografia. Regionalismo: Brasil.

  1. ente fantástico das matas, descrito predominantemente como um anão de cabelos vermelhos e pés ao inverso, para deixar pegadas enganosas e confundir os caçadores, protegendo, assim, as árvores e os bichos; currupira v substantivo feminino Rubrica: angiospermas.
  2. design. comum às plantas do gên. Curupira, da fam. das oleáceas, com uma única sp. (Curupira tefeensis) nativa do Brasil;
  • guaraná
    (Houaiss) • substantivo masculino Regionalismo: Brasil.

  1. Rubrica: angiospermas.   arbusto escandente de até 10 m (Paullinia cupana), da fam. das sapindáceas, de folhas com cinco folíolos, pequenas flores aromáticas em tirsos, cápsulas septicidas e sementes subglobosas, com vários usos medicinais, esp. como tônicas e excitantes, e de que se fabricam refrigerantes; guaranazeiro, naranazeiro [Nativo da Amazônia, há séculos é cultivado entre os maués, pelas sementes, ger. transformadas em pasta, depois em bastão muito duro (o g. em bastão), tradicionalmente limado em língua seca de pirarucu para ser reduzido a pó (o g. em pó).]
  2. pasta, bastão ou pó dessas sementes
  3. xarope feito dessas sementes
  4. beberagem ou refrigerante preparados com esse pó ou esse xarope;     (Michaelis)
    sm (tupi uaraná)

  1. Bot Arbusto trepador, da família das Sapindáceas (Paullinia cupana), que se encontra em estado silvestre, mormente nas regiões entre os rios Tapajós e Madeira; guaranazeiro, naranazeiro, uaraná.
  2. Resina dessa planta.
  3. Pasta seca comestível rica em cafeína e tanino que os índios Maués, do Amazonas, preparam com as sementes dessa planta.
  4. Bebida gasosa e refrigerante fabricada com o pó dessa pasta. G.-timbó: o mesmo que goranatimbó.
  • igarapé
    substantivo masculino Regionalismo: Amazônia.

  1. riacho que nasce na mata e deságua em rio
  2. canal natural estreito e navegável por pequenas embarcações, que se forma entre duas ilhas fluviais ou entre uma ilha fluvial e a terra firme;
  • igapó
    substantivo masculino Regionalismo: Amazônia.

  1. região da floresta amazônica que permanece alagada mesmo na estiagem dos rios
  2. Rubrica: fitogeografia.   vegetação baixa e uniforme dessa região, pobre em espécies, com árvores afastadas e numerosos epífitos; mata de igapó;
  • mameluco
    substantivo masculino

  1. membro de antiga milícia turco-egípcia, orign. formada por escravos caucasianos convertidos ao islamismo, que conquistou grande poder político no Egito [Essa milícia ocupou o sultanato do sXIII ao XVI e, derrotada por Napoleão em 1798, foi exterminada e dispersada em 1811 por Mehemet-Ali.]
  2. (sXVII)Regionalismo: Brasil.   mestiço de branco com índio ou de branco com caboclo; mamaluco;
  • maniçoba
    substantivo feminino

  1. Rubrica: angiospermas.   design. comum a diversas plantas da fam. das euforbiáceas, esp. do gên. Manihot
  2. Rubrica: angiospermas.   arbusto (Manihot caricaefolia) da mesma fam., nativo do Brasil, de caule lenhoso, folhas liradas e flores em racemos ferrugíneos e tomentosos; mandioca-brava
  3. Rubrica: angiospermas.   árvore de até 20 m (M. glaziovii) da mesma fam., nativa do Brasil, de raízes venenosas, folhas alternas palmatilobadas, flores apétalas, cápsulas de três lobos que, quando maduras, se rompem atirando as sementes a grandes distâncias; o caule e os pecíolos exsudam látex com cheiro da albumina do ovo e sabor adocicado que coagula e petrifica em contato com o ar, exalando mau cheiro; maniçoba-do-ceará
  4. Rubrica: culinária.   iguaria preparada com as folhas tenras da mandioca ou maniva, que devem ser trituradas e depois cozidas por longo tempo, acrescidas de carne suína e temperadas com alho, sal, louro, pimenta
  • mandioca
    substantivo feminino

  1. Rubrica: angiospermas.   arbusto (Manihot esculenta) da fam. das euforbiáceas, nativo da América do Sul, de folhas membranáceas, inflorescências ramificadas e frutos capsulares, cultivado pelas raízes tuberosas, muito semelhantes às do aipim e tb. ricas em amido e de largo emprego na alimentação, embora sejam ger. mais venenosas e freq. us. apenas para a produção de farinha de mandioca, farinha-d’água e ração animal;
  • maniva
    sf (tupi maniýua)

  1. Mandioca.
  2. A rama da mandioca.
  3. Pedaço de rama de mandioca, com um olho, ou mais, destinado ao plantio. V maniba. Var: manaíba.
  • marajoara
    adj (do top Marajó) Que pertence ou se refere à Ilha de Marajó (Pará) s m+f Habitante ou natural de Marajó. sm

  1. Vento nordeste que sopra sobre a Ilha de Marajó.
  2. Bot O mesmo que cajueiro-bravo. Arte m.: arte cerâmica dos índios que habitaram a Ilha de Marajó. Estilo m.: o que se inspira nos motivos da arte marajoara;
  • pacu
    sm (tupi pakú)

  1. Ictiol Nome comum a vários peixes de água doce da família dos Serrasalmídeos, exceto o pacu-banana (Hemiodus unimaculatus), que é um caracídeo. P.-azul: espécie de pacu (Myleus micans). P.-branco: o mesmo que pacutinga. P.-de-corredeira: peixe actinopterígeo, teleósteo (Myletes asterias), da Amazônia; pacuzinho, pacu-de-correnteza. Pl: pacus-de-corredeira. P.-do-amazonas: o mesmo que pacupeba. P.-oerudá: espécie de pacu (Myloplus torquatus).
  2. Tambaqui.
  • palhoça
    substantivo feminino

  1. habitação rústica coberta de palha ou colmo, típica das áreas tropicais, que varia de formato e técnica construtiva conforme a região; palhal, palhar, palheiro
  2. Derivação: por extensão de sentido.   casa rústica, pobre; palhota, palhote
  3. Regionalismo: Portugal.   m.q. 1croça;
  • peixe-boi
    substantivo masculino

  1. Rubrica: ictiologia.   m.q. baiacu-de-chifre (Lactophrys tricornis)
  2. Rubrica: mastozoologia.   design. comum aos mamíferos sirênios, da fam. dos triquecídeos, de corpo arredondado, cabeça pequena, lábio superior profundamente fendido e cauda em forma de remo, larga e arredondada, diferente da dos dugongos, que é entalhada; guarabá, guaraguá, manaí, manati, manatim
  3. Rubrica: mastozoologia.   mamífero da fam. dos triquecídeos (Trichechus inunguis), encontrado em rios e lagos da bacia amazônica, com até 2,8 m de comprimento, corpo cinzento com uma mancha esbranquiçada no peito e com nadadeiras alongadas e sem unhas; peixe-boi-da-amazônia
  4. Rubrica: mastozoologia.   mamífero da fam. dos triquecídeos (Trichechus manatus), encontrado dos E.U.A. ao Nordeste do Brasil, em águas costeiras, estuários e rios, com até 4 m de comprimento e nadadeiras com unhas chatas; peixe-boi-marinho;
  • piracema
    sf (tupi piraséma)

  1. Migração anual dos peixes rio acima, na época da desova.
  2. Reg (São Paulo) Rumor que fazem os peixes, subindo para a nascente do rio, nessa época.
  3. Cardume ambulante de peixes.
  • pirarucu
    substantivo masculino Rubrica: ictiologia. Regionalismo: Brasil. peixe osteoglossiforme da fam. dos osteoglossídeos (Arapaimagigas), da bacia amazônica, incluindo-se o Tocantins e o Araguaia, que pode atingir 2,60 m de comprimento e pesar 160 kg, sendo o maior peixe fluvial de escama; possui o corpo cilíndrico pardo-esverdeado e avermelhado escuro nos flancos; anato, bodeco [Espécie introduzida nos açudes nordestinos em 1940; possui grande valor comercial, sendo salgado em alguns locais e, por isso, chamado de bacalhau brasileiro; sua língua muito áspera é ger. utilizada para ralar o guaraná.]
  • taperebá
    substantivo masculino Rubrica: angiospermas.

  1. m.q. cajá (‘fruto’)
  2. m.q. cajazeira (Spondias mombin)
  3. m.q. umbuzeiro (Spondias purpurea)
  4. m.q. umbu (‘fruto de Spondias purpurea‘)
  • tijupá
    substantivo masculino

  1. abrigo que se constrói na mata; tajupá, tajupar
  2. Regionalismo: Norte do Brasil.   cobertura, ger. arredondada, de palha, madeira etc., us. para proteger pessoas e/ou cargas nas embarcações; tolda
  3. Regionalismo: Brasil.   cabana com duas vertentes que tocam no chão e que serve de abrigo aos trabalhadores nas roças, seringais e feitorias
  4. Regionalismo: Brasil.   palhoça de índios, menor que a oca
  5. Regionalismo: Brasil.   rancho, choça, choupana
  6. tolda de canoa
  • tipiti
    sm (tupi tepití)

  1. Cesto cilíndrico, tecido de talas de palmeira, em que se mete a massa de mandioca ralada para ser espremida na prensa antes de se levar ao forno e de se tornar farinha.
  2. Reg (Sul) Aperto, embaraço, entalação, negócio difícil, do qual não se pode sair com vantagem;
  • tracajá
    sm (tupi tarakaiá) Herp Nome comum a vários répteis da ordem dos Quelônios, entre os quais a espécie que mais se destaca é Podocnemis cayennensis, que habita a bacia amazônica e mede no máximo cinqüenta centímetros. Os ovos e a carne são muito apreciados.
  • tucumã
    substantivo masculino Rubrica: angiospermas.

  1. design. comum a algumas palmeiras dos gên. Astrocaryum e Bactris, nativas do Brasil
  2. palmeira de até 20 m (Astrocaryum aculeatum), ger. solitária, de estipe com faixas de espinhos negros, folhas ascendentes, inflorescência ereta, e frutos amarelos com tons avermelhados; acaiúra, acuiuru, coqueiro-tucumã, tucum, tucumã-açu, tucumã-arara, tucum-açu, tucumaí-da-terra-firme, tucumãí-uaçu, tucumã-piririca, tucumã-purupuru, tucum-do-mato [Nativa da Colômbia e de Trinidad ao Brasil (AC, AM, PA, RO), é explorada ou cultivada por seu palmito e frutos comestíveis, pelo óleo das sementes, us. em cozinha, e tb. pelas folhas, das quais se extrai fibra de tucum, us. em redes e cordas que resistem à água salgada.]
  3. m.q. tucum (Astrocaryum vulgare)
  4. m.q. tucum-açu (Bactris inundata);
  • tucunaré
    substantivo masculino Regionalismo: Brasil.

  1. Rubrica: ictiologia.   peixe teleósteo, perciforme, da fam. dos ciclídeos (Cichla ocellaris), do rio Amazonas e afluentes, com até 60 cm de comprimento e 4 kg de peso, corpo prateado com três faixas transversais acima da linha lateral e um ocelo na base da nadadeira caudal; lacunari, lucunari, tucunaretinga [Espécie introduzida em açudes no Nordeste e nas represas do Sul do Brasil; sua carne é muito consumida pela população local, e a pele é utilizada para fabricação de couro.]
  2. Rubrica: ictiologia.   peixe teleósteo, perciforme, da fam. dos ciclídeos (Cichla temensis), encontrado na bacia amazônica e introduzido nos açudes nordestinos; sarabiana, tucunaré-pinima, tucunaré-putanga
  3. Rubrica: angiospermas.   arbusto (Drepanocarpus paludicola) da fam. das leguminosas, subfam. papilionoídea, que ocorre em terrenos inundados da Amazônia, de ramos pilosos, pequenos folíolos pilosos na face inferior, flores em racemos e legumes diminutos e coriáceos, com uma semente; tucunaré-envira
  4. tipo de embarcação us. na Amazônia
  • tucupi
    substantivo masculino Rubrica: culinária. Regionalismo: Pará. espécie de molho feito com água-de-goma e pimenta, que acompanha vários pratos da cozinha do Norte do Brasil Ex.: pato ao t;
  • uxi
    sm (tupi uxí) Bot Árvore da família das Rosáceas (Uxi umbrosissima), de fruto medicinal;

Fontes: Dicionários Houaiss e Michaelis de Língua Portuguesa

Lendas, “Curupira”

Postado por Vanessa Rodriguesem 15 de Novembro de 2009

curupira

Não há comunidade que não fale nele. Descrevem-no como a mãe da natureza, invisível, guardião da floresta que não deve nunca ser desafiado, pois é um ser vingativo que pode causar graves problemas ao prevaricador.

O Curupira é um ser que faz parte do lendário amazônico há centenas de anos e cujas histórias passaram de geração em geração. Guardião das florestas e dos animais, possui traços de índios, cabelo de fogo e os pés virados para trás.

Esse ser é o protetor daqueles que sabem se relacionar com a natureza, utilizando-a apenas para a sua sobrevivência. O homem que derruba árvores para construir sua casa e seus utensílios, ou ainda, para fazer o seu roçado e caçar apenas para alimentar-se, tem a proteção do Curupira. Mas aqueles que derrubam a mata para exploração ilícita, os que caçam indiscriminadamente, têm no Curupira um terrível inimigo e acabam caindo nas suas armadilhas.

Para se vingar-se, o Curupira transforma-se em vários animais de caça e outros seres animados. Pode ser uma paca, onça ou qualquer outro bicho que atraia os caçadores para o meio da floresta, fazendo-o perder a noção de seu rumo e ficar dando voltas na selva, retornando sempre ao mesmo lugar.

Outra forma de atingir os maus caçadores é fazendo com que sua arma não funcione ou fique incapaz de acertar qualquer tipo de alvo.

Na interpretação de antropólogos e historiadores, a lenda do Curupira revela a relação dos índios brasileiros com a mata. Não é uma relação de exploração, de uso indiscriminado, mas de respeito pela vida.

Fonte: “Portal Amazônia”

Lendas, Iara

Postado por Vanessa Rodriguesem 15 de Novembro de 2009

iaralenda

A Iara é uma dos mitos mais conhecidos da região amazónica. É uma linda mulher morena, de cabelos negros e olhos castanhos. Exerce grande fascínio nos homens, pois aqueles que a vêem banhar-se nos rios não conseguem resistir aos seus encantos e atiram-se nas águas. Aqueles que se atiram ao rio, para chegar perto de Iara, nem sempre voltam vivos. Os que sobrevivem, voltam assombrados, falando em castelos, séquitos e cortes de encantados.

É preciso muita “reza e pajelança” para tirá-lo do encantamento. Alguns descrevem Iara como tendo uma cintilante estrela na testa, que funciona como chamariz que atrai e hipnotiza os homens.

Acredita-se também que ela tem forma de peixe na parte inferior (uma sereia?), outros dizem que é apenas um vestido, ou uma espécie de saia, que ela veste por vaidade e para dar a ilusão de ser metade mulher/ metade peixe. Em certos locais, dizem que Iara é um boto-fêmea.

Ela também encanta os homens e leva-os para o fundo do rio. Em outros lugares dizem ser a própria boiúna (cobra grande).

Fonte: Portal da Amazônia

Ourilândia do Norte

Postado por Vanessa Rodriguesem 13 de Novembro de 2009

roadmaraba01Publicado do DN, 1 Nov´2009

Em Ourilândia do Norte já houve garimpo. Hoje, há pó cor-de-cobre que enche os pulmões, calor tórrido, sem aragem, gente de alma fria a tentar sobreviver em terra árida

Não se pode estar à porta do Hotel Carajás a partir das 06.00. A garganta começa a sufocar, o ar falta até à perda dos sentidos. Não corre aragem, o sol favorece o mercúrio: o termómetro chega em poucas horas dos 30 aos 42 graus. O corpo goteja suor. Clima seco, tropical quente. Só as pickups e os camiões (em média, num minuto, passam dez) aceleram na estrada que ali passa à porta do “melhor hotel” da cidade.

Na realidade é uma pousada com meia dúzia de quartos na Ourilândia do Norte, a sudeste do Pará, no Brasil. Acelerados, os camiões deixam uma nuvem de pó seco, cor-de-cobre, que se entranha no corpo e sufoca. O lugar parece o faroeste. Não chove há semanas. A carne que seca ao sol, ao lado do hotel, deve estar impregnada desse pó: carne de tatu e de boi. As pessoas que ali passam a pé também a levam, na pele. São gente sofrida. As rugas chegam cedo, os pés calejam jovens de galgar aquela estrada árida, roubada à floresta amazónica, e que hoje liga o Norte ao Sul do Pará. Ou vice-versa: sentido subdesenvolvimento à “civilização”, diz ao DN Lisandra Serra, dona do “hotel”.

“A prefeitura [câmara municipal] recebe dinheiro das grandes empresas da região para melhorar as infra-estruturas, mas não faz obras. Não se sabe para onde vai esse dinheiro”, ironiza. A “maldição” da ironia baptizou a cidade: deve o nome ao ouro que abundava. Nasceu do suor de um grupo de garimpeiros, que foi excluído do projecto Tucumã, de uma empresa construtora, e que criaria, nos anos 70, a esperança de um trabalho. A notícia atraiu milhares de migrantes à região, sobretudo do Nordeste brasileiro e do Maranhão.

Muitos que ali ficaram contam os trocos diários, a ver se terão algum para comer, nem que seja a carne que seca ao sol, com pó. “A maioria, ficou por orgulho”, diz Lisandra. “Tiveram vergonha de voltar às origens, pior que quando partiram.” Muitos “fizeram pequenos negócios”. Outros “conseguiram emprego nas grandes empresas de mineração” que ali estão instaladas e “têm pistas de avião privadas”.

A região é um paradoxo: dois motéis luxuosos e um bar chique em frente à estrada de pó. Ao redor, miséria. E “nada” para fazer. A Internet é uma hipérbole de lentidão: com sorte, lêem-se e-mails em versão html; a comida menos duvidosa resume-se a frango com arroz e a água para tomar banho pode acabar a qualquer momento.

Serão três dias de espera nesta terra do “ouro miserável”. A Fundação Nacional do Índio (Funai) não confirma se haverá homologação da terra indígena em Moicaracó, da etnia Kayapó em São Félix do Xingu, na data marcada. Adia- -se mais um dia. “É muito difícil chegar lá: o rio está seco, não dá para ir de barco”, diz Célia Maracajá, que tem autorização para ir gravar em vídeo a cerimónia. “E a estrada é uma miséria de vegetação e terra batida. O melhor é de avião, mas só a Funai tem acesso”, completa.

O presidente Lula da Silva ainda não confirmou se vai. E uma fonte do Partido dos Trabalhadores vai dizendo que a agenda da Presidência está “atarefada” com inaugurações do Plano de Aceleração do Crescimento até ao fim do mês. Só resta esperar, sem “nada para fazer”, no hotel Carajás. Da varanda, já se vê um manto cinzento – traz vendaval e a primeira chuva tropical do mês. Arrasta árvores e levanta o pó a ameaçar um tornado. Em segundos vem o dilúvio que corre acelerado à porta do “melhor hotel da cidade”, onde nunca se pode estar.

Garimpo e ilusão

Postado por Vanessa Rodriguesem 12 de Novembro de 2009

Publicado DN, 1 Nov’ 2009

Agostinho não quer dizer o último nome, nem ser fotografado. Diz que toda a gente o conhece por “Agostinho do táxi”. E garante que foi “o primeiro” a formalizar a profissão na Ourilândia do Norte”, no Sudeste do Pará, no Brasil, após ter acabado o garimpo de ouro na região. Hoje só grandes empresas extraem níquel ali, acredita-se.

Agostinho só tem um carro para fazer o serviço. E em terra de miséria e de sete autocarros diários, quem o tem “é rei”, diz. Cobra 50 reais (18 euros) para fazer dois km.

O carro cheira a mijo, os bancos colam à roupa, as borrachas com camadas de pó. É noite, o resto não vemos. Ele diz que Ourilândia tem “muitas histórias”. A dele é “simples”: nasceu em São Luís do Maranhão, foi garimpeiro, “usava mercúrio para separar o ouro” e nunca quis voltar à terra. “Habituei-me aqui.” Não esconde que é uma “terra miserável”. Para ele, “melhor que no Maranhão, melhor que nada”. “Nada” foi o que herdou dos tempos de garimpeiro. “É uma ilusão. Mata-se por pouco. Pode encontrar-se muito ouro num dia, mas é uma pedra envenenada. Gasta-se rápido”, lembra. Houve “alguns” que até “enriqueceram”: “O dono de um grande motel aqui na Ourilândia achou 600 gramas de ouro. Gastou tudo e só não perdeu o motel porque estava em nome da mãe.” No fim da viagem, entrega um cartão de visitas: “Agostinho do táxi, pioneiro.”

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