Crianças desidratadas

Postado por Vanessa Rodrigues em 15 de Novembro de 2009

Publicado no Diário de Notícias a 8 de Nov’

Bei Mati não vai pagar a conta na única churrascaria da vila de Tucumã, no Sudeste do Pará no Brasil. Tem carta branca naquele restaurante por causa de um acordo de uma “grande empresa” da região que negociou com a aldeia indígena onde ele mora, um “plano de saúde e alimentação”. Em troca a empresa “pode explorar o minério da terra”.

Bei Mati, 24 anos, índio da etnia Xicrin, mora numa aldeia indígena perto de Marabá, mais a norte de Tucumã. Está “satisfeito” com as “regalias” da “empresa”, porque, “em geral a assistência de saúde ao índio da Fundação Nacional de Saúde [Funasa] é muito má e demorada”, desabafa. “Eu bem vejo como os parentes de outras aldeias são mal atendidos. Nós temos sorte.”

As manifestações em sedes da Funasa por grupos de etnias indígenas são frequentes. Eles reivindicam “melhor atendimento de saúde”. Bei Mati denuncia que a “Funasa tem piorado muito a assistência nos últimos meses”. Depois muda o discurso e diz que algo “muito estranho” anda a acontecer na sua aldeia. “As crianças estão cada vez mais doentes e ninguém sabe explicar o que se passa”. Ele acha que é da água.

“Antes podia beber-se sem problemas, mas nos últimos meses tem havido muitas diarreias e as crianças estão a ficar desidratadas”, continua desalentado. Depois confidencia que a “tal empresa” tem “enviado engenheiros para analisar a água do rio da terra” dele.

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