Publicado no Diário de Notícias, 29 Nov’ 2009
Negócios que vêm de canoa pelo Amazonas
Por V.R., Manaus
Ela está na margem à espera que o barco passe. Apressa-se para o alcançar. E quando se aproxima, essa mulher de cabelos esguedelhados e corpo robusto agarra num gancho de ferro do tamanho da mão dela, encaixa-o no pneu que serve de bóia e, num ápice, atraca a canoa ao navio.
A criança que há pouco remava com ela, freneticamente, na pequena canoa, para alcançar a embarcação, entra no Navio Mercante Santarém que faz o trajecto Belém-Manaus, no norte do Brasil, e mostra uma caixa de esferovite.
Começa o pregão ensaiado. Tem camarão e uma polpa cor de beringela feita do fruto açaí para vender. Outras canoas começam a atracar da mesma forma. E uma mulher dá o alarme no barco. “Cuidado com essa gente que entra. Alguns são ladrões e eu já fui assaltada por eles numa travessia”.
A empresa do navio deixa que entrem. Muitos passageiros reclamam e sentem-se inseguros com estranhos a circular no barco. Feito o negócio, saem. As canoas que atracam oferecem o mesmo cardápio, outras com extras de banana frita ou castanha de caju. Há pequenas embarcações que nada vendem e ficam só perto do “Santarém” à espera que alguém atire comida, dinheiro ou roupa.
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