Publicado do Diário de Notícias e 13 Set’ 2009
Leva, pelo menos, 30 ervas. Afasta mau-olhado. Atrai o amor, felicidade, purifica, cura.
“É para isso que serve o banho-de-cheiro”, assegura o erveiro (nome que se dá a quem trabalha com a colecta e preparação de plantas na Amazónia) Paulo Teles, morador em Boa Vista do Acará, referindo-se ao tradicional banho de ervas do Pará. Ele que é um dos últimos erveiros genuínos da região.
Paulo diz ao DN que já perdeu há muito a conta aos anos que trabalha com estas ervas. Recolhe-as meticulosamente na mata, prepara-as e vende-as depois no Mercado Ver-o-Peso, em Belém. Garante que já curou “algumas pessoas” com elas.
Patcholi, pau-de-angola, sementes de cumaru, raízes de priprioca, sândalo, cedro.
“Demasiadas ervas para me lembrar”, suspira.
Antes do São João, o Pará enche-se do hábito, só que “nos últimos anos tornou-se “moda”, diz. Ele já não se lembra da última vez que tomou um, “nem há segredos na mistura das ervas”.
É só “recolhê-las, juntá-las à água, misturar e triturá-las com as mãos para abrir os aromas”, descreve o erveiro.
Posteriormente a água come- ça a ganhar um cheiro intenso, cor acastanhada, e, quando escor- re pelo corpo, o cheiro vai-se en- tranhando.
Fica assim durante dias. “E leva com ele todos os problemas”, assegura Paulo Teles, dono e senhor dos segredos das ervas que atraem o amor e podem até, segundo reza a tradição, curar alguns males mais persistentes. Do corpo e da alma.

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